Em entrevista ao Correio Braziliense, governador declara, ”Entramos em outro ritmo. Os secretários pegaram bem qual é o espírito do governo”, assegurou
O aparelhamento da máquina pública e as velhas práticas enraizadas nas secretarias fizeram o governador Ibaneis Rocha (MDB) chegar ao ponto de acreditar que o Governo do Distrito Federal não tinha jeito. Novo na política, a pressa e a vontade de executar do emedebista esbarraram nos entraves cotidianos. Em entrevista concedida ao Correio em seu gabinete, no Palácio do Buriti, o governador garantiu, no entanto, que a sensação passou e que agora a gestão começou a entrar nos trilhos.
Advogado, Ibaneis fez também críticas à atuação da Operação Lava-Jato: “Ela precisa ser corrigida. Se não, o que poderia ser o maior exemplo da República no combate à corrupção pode se tornar o maior ato de perseguição política da história do Brasil”, afirmou.
Na Justiça?
Transformou-se num projeto nacional, né?
Existe uma aceitação muito grande do projeto das escolas militarizadas. O que aconteceu nas duas escolas que rejeitaram o modelo?
Haverá gestão compartilhada com a Justiça também?
O orçamento de 2020 prevê menos gastos com pessoal. Como isso será feito?
Isso deixa o processo mais rápido também…
A proposta de investimento é ousada: R$ 12 bilhões nos próximos três anos.
Como está a discussão para editar uma medida provisória que mude a gestão dos aumentos para os servidores pagos pelo Fundo Constitucional?
Não é algo que dá para se resolver de uma vez…
Depois, o senhor tratou desse assunto de maneira bem mais calma, bem mais contida.
O senhor suspeita que exista alguma ação política na ação do Tribunal para impedir o sucesso do governo?
E como seria essa revisão?
Eu penso que tem de se pensar num novo modelo, que privilegie a parte técnica. Talvez até indicações como funcionam nos tribunais superiores, nos TRFs, STJ, TST, com vagas destinadas a todos os setores. Você pega, por exemplo, a Ana Arraes, que era do PSB, e, por muito tempo, não deixou os procedimentos andarem porque o (Rodrigo) Rollemberg estava no governo. Para um Tribunal que deveria ser técnico, o ambiente não está legal.
O senhor assistiu à entrevista do ex-presidente Michel Temer no Roda Viva?
Com o olhar de advogado, o senhor acha que a Lava-Jato foi uma boa causa?
As mensagens divulgadas deixam claro isso, que houve irregularidades?
Em alguma situação, como advogado, o senhor esteve tão próximo assim de um juiz?
O senhor comentou que o secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, ajuda na relação com a Presidência. Ele está cotado para a direção da Polícia Federal. Ele fica no governo?
A segurança é uma das áreas que já deram certo em seu governo?
Combater o feminicídio é difícil…
Algo similar ao que ocorre com o suicídio? Quanto mais se fala mais se incentiva?
O senhor fez uma reunião com todos os secretários esta semana, com muitas cobranças. Como foi?
Esse modelo que o senhor criou com a Secretaria de Governo e a Casa Civil deu mais liberdade para fazer política?
O que esses decretos vão prever?
O senhor falou sobre a Secretaria de Saúde, é uma das áreas mais difíceis, com mais reclamações. O que dá para fazer para avançar?
Como se fosse uma consultoria do Instituto para os outros hospitais?
A gestão nesses hospitais não vai ser feita diretamente por causa da polêmica que houve em relação a isso?
Tem alguma área que está abaixo da sua expectativa?
De onde?
O secretário João Pedro Ferraz continua acumulando as pastas de Educação e Trabalho?
O senhor citou muito a busca por apoio do governo federal. Como está essa relação? Está próxima, melhor?
O plano de presidir o MDB nacional não avançou?
Então, o senhor não pensa em sair do MDB?
Foi noticiado que o senhor gostaria de assumir a Presidência do Flamengo. É verdade?
Naquele episódio com o Vasco, pesou o coração de flamenguista?
Depois que vira governador tem de pensar em cada palavra, né?
O presidente Jair Bolsonaro, às vezes, exagera nisso, não?
Mas falar de cocô e o episódio com a mulher do Macron…
Como está a relação com a Câmara Legislativa? O presidente Rafael Prudente (MDB) está conduzindo bem?
Quais reações?
O senhor faz referência aí à questão do debate do Passe Livre Estudantil. Continua nos planos discutir isso?
É bom que se discuta. Eu queria que se criasse esse ambiente de debate. Nessa história de gratuidade demais, alguém está pagando a conta. Agora, por exemplo, eu absorvi R$ 30 milhões do reajuste dado às categorias para não aumentar tarifa. Esse dinheiro está vindo de algum lugar. Nós temos de pensar nisso. Não há dinheiro para investir em mobilidade, porque tudo vai no Passe Livre, nas gratuidades e nas absorções. Se eu aumento tarifa para investir em mobilidade, todo mundo reclama. De onde vem o dinheiro? Essa é a grande pergunta que temos de fazer. Estou buscando, do nosso lado, fazer economia, mas todo mundo deveria fazer isso.
Fonte e imagem: Correio Braziliense