A confiança das empresas do setor da construção registrou nova queda em maio, com recuo de 0,3 ponto, atingindo 93,3 pontos, segundo dados divulgados nesta terça-feira (27) pela Fundação Getulio Vargas (FGV). O resultado dá sequência à trajetória de baixa observada em abril, quando o Índice de Confiança da Construção (ICST) já havia caído 1,4 ponto. Com isso, a média móvel trimestral do índice também recuou 0,3 ponto, evidenciando uma tendência de desaceleração no setor.
Apesar do cenário desafiador, há sinais de resiliência. De acordo com Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV), parte significativa das empresas ainda demonstra otimismo em relação à demanda futura, o que pode impulsionar novas contratações nos próximos meses.
“Embora o otimismo com as perspectivas futuras permaneça, ele tem perdido força diante das crescentes dificuldades no ambiente de negócios. O setor continua operando em um patamar de confiança considerado moderadamente pessimista”, destaca Castelo.
Os dados do levantamento revelam ainda um leve declínio no Índice de Situação Atual (ISA-CST), que caiu 0,4 ponto, chegando a 92,2 pontos. Já o Índice de Expectativas (IE-ICST) recuou 0,2 ponto, situando-se em 94,6 pontos — ambos indicando uma percepção de estabilidade com viés negativo entre os empresários da construção.
Por outro lado, a utilização da capacidade instalada no setor apresentou avanço. O Nível de Utilização da Capacidade (Nuci) geral subiu 0,8 ponto percentual, alcançando 79,5%. O índice referente à mão de obra foi a 81%, enquanto o de máquinas e equipamentos aumentou para 73,6%, indicando um movimento de maior intensidade nas operações.
O desempenho do setor segue sendo influenciado por variáveis macroeconômicas como os juros elevados, o aumento nos custos de produção e a persistência de incertezas, que acabam freando investimentos, mesmo diante das expectativas positivas com a infraestrutura e o mercado imobiliário.
Enquanto os indicadores apontam para um setor em compasso de espera, a confiança do empresariado revela uma postura de cautela diante das oscilações do cenário econômico.