O setor da Construção Civil manteve um desempenho expressivo em 2024, registrando um crescimento de 4,3% e alcançando um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 359,523 bilhões, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse avanço superou levemente as projeções da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), que estimava um crescimento de 4,1% para o setor.
Entre os fatores que impulsionaram esse resultado, destacam-se o fortalecimento do mercado de trabalho, o impacto das obras públicas em ano eleitoral e a retomada das construções dentro do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV). “O setor acompanhou o dinamismo da economia nacional, refletindo em um desempenho positivo e sustentável ao longo do ano”, avalia Ieda Vasconcelos, economista da CBIC.
Geração de empregos e expansão da construção
Com o crescimento da atividade, a geração de empregos formais no setor também avançou significativamente. No total, foram criadas 110.133 novas vagas, elevando o número total de trabalhadores da Construção Civil para 2,858 milhões. “Os três principais segmentos da construção – Edificações, Serviços Especializados e Infraestrutura – registraram saldo positivo de admissões, reforçando a tendência de crescimento”, pontua Vasconcelos. Esse movimento reflete a confiança dos empresários e a ampliação dos investimentos no setor.
O aumento da demanda também impulsionou a produção de insumos para a construção, que teve uma alta de 5,5% em 2024, revertendo a queda de 2,8% registrada no ano anterior. Esse cenário foi impulsionado pela retomada de obras habitacionais e projetos de infraestrutura em diversas regiões do país.
Mercado imobiliário em ascensão
O segmento imobiliário apresentou avanços expressivos, com crescimento de 20,9% nas vendas de apartamentos novos e um aumento de 18,6% nos lançamentos. Foram comercializadas 400.547 unidades em 2024, contra 331.359 no ano anterior, enquanto os lançamentos subiram de 323.329 para 383.483 unidades. “O crescimento do mercado imobiliário está diretamente relacionado à maior disponibilidade de crédito e ao fortalecimento de programas habitacionais”, destaca a economista.
Dentro do Minha Casa, Minha Vida, o crescimento foi ainda mais acentuado, com alta de 43,3% nas vendas e de 44,2% nos lançamentos. Esses números reforçam a importância das políticas públicas para a expansão do setor e a geração de empregos.
Contribuição para a economia nacional
A Construção Civil consolidou-se como o terceiro setor de maior crescimento no PIB brasileiro em 2024, ficando atrás apenas de Serviços de Informação e Comunicação (6,2%) e Outras Atividades de Serviços (5,3%). Além disso, contribuiu diretamente para o aumento da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que mede os investimentos no país e registrou alta de 7,3%, elevando a taxa de investimento nacional para 17%.
No último trimestre do ano, a Construção Civil cresceu 2,5% em relação ao período anterior, enquanto a economia nacional teve uma leve alta de 0,2%. Em comparação com o mesmo trimestre de 2023, o setor avançou 5,1%, superando o crescimento médio da economia, que foi de 3,6%.
Perspectivas para 2025
As projeções para 2025 indicam um crescimento mais moderado para a economia nacional e para a Construção Civil. A CBIC estima um avanço de 2,3% no PIB do setor, refletindo desafios como o impacto das altas taxas de juros, que podem chegar a 15% ao ano, e a incerteza sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
“O FGTS é uma peça-chave para o financiamento habitacional no Brasil. Qualquer mudança que comprometa sua sustentabilidade pode afetar diretamente a viabilidade dos projetos, principalmente para a população de baixa renda”, alerta Vasconcelos. Além disso, a economista destaca que os custos da construção seguem em alta, o que exige planejamento estratégico do setor para manter o crescimento sustentável.
Diante desse cenário, a Construção Civil segue como um pilar fundamental para a economia brasileira, impulsionando investimentos, gerando empregos e contribuindo para o desenvolvimento do país.