O setor da construção civil apresentou um crescimento expressivo no primeiro semestre de 2024, com alta de 3,3% em relação ao mesmo período de 2023, superando o desempenho geral da economia brasileira, que avançou 2,9%. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reforçam o otimismo em torno do setor, que no segundo trimestre deste ano cresceu 3,5%, em contraste com o aumento de 1,4% da economia nacional no mesmo período. Esse desempenho vai além das expectativas, já que analistas previam um crescimento econômico de apenas 0,9%.
Diversos fatores contribuíram para esse cenário positivo. A recuperação do mercado de trabalho, a reformulação do Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV), e a leve queda da taxa de juros impulsionaram a demanda no setor imobiliário. O número de empregos no setor também cresceu, refletindo o dinamismo observado nos últimos meses.
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) revisou suas projeções de crescimento para o setor, elevando a previsão para 3%, acima da estimativa inicial de 2,3%. Entre janeiro e julho de 2024, o setor criou mais de 200 mil vagas formais de trabalho, com destaque para a construção de edifícios, responsável por 40,32% das novas vagas. Por outro lado, as obras de infraestrutura enfrentaram dificuldades, com uma queda de 21,28% na criação de empregos, resultado do encerramento de projetos e do impacto do período eleitoral.
O mercado imobiliário também apresentou números promissores, com um aumento de 5,7% nos lançamentos de imóveis e 15,2% nas vendas. O Programa Minha Casa, Minha Vida teve um papel central nesse desempenho, com crescimento de 65,9% nos lançamentos e 37,4% nas vendas de unidades.
Apesar dos avanços, o setor ainda enfrenta desafios significativos. O custo elevado da construção, a falta de mão de obra qualificada e questões tributárias continuam a ser obstáculos. Além disso, o setor está 14,98% abaixo do pico de crescimento registrado no primeiro trimestre de 2014, o que mostra que há espaço para recuperação.
O Índice de Confiança do Empresário da Construção segue em alta, refletindo o otimismo em relação ao futuro do setor. A previsão é de que, com a continuidade de obras importantes, como as de reconstrução no Rio Grande do Sul, e a manutenção das condições econômicas favoráveis, a construção civil continue a ser um motor importante para a economia brasileira no restante de 2024.
Para a economista Ieda Vasconcelos, da CBIC, as perspectivas são animadoras. “O dinamismo da economia brasileira traz boas expectativas, especialmente para a construção civil, que continua gerando empregos e se beneficiando de um mercado imobiliário aquecido”, destacou.