O Negócio Tá Preto: reconhecendo a força do afroempreendedorismo

Eraldo Ricardo dos Santos, Me. – Analista de Inovação do Sebrae

No Brasil, a diversidade é o nosso maior tesouro, e essa riqueza se estende por todos os setores da sociedade, inclusive no mundo dos negócios. Nesse contexto, surge a inspiradora campanha “O Negócio Tá Preto”, do Sebrae, que deixa em evidência o afro empreendedorismo e ressalta sua importância.

Os números revelam um cenário impactante. De acordo com o IBGE, a população negra representa uma maioria expressiva, compreendendo 56% dos brasileiros e brasileiras. Essa diversidade também se faz presente no empreendedorismo, onde 54% dos Microempreendedores Individuais (MEI) são pessoas negras, desconsiderando a informalidade. Mas o dado mais impressionante é que essas pessoas movimentam cerca de R$ 2 trilhões anualmente no Brasil, contribuindo com nada menos que 40% do PIB nacional.

Entretanto, apesar desses números grandiosos, essa parte da sociedade ainda enfrenta profundas desigualdades. O Brasil, mesmo com a maioria de sua população sendo negra, carrega as marcas históricas da escravidão e do racismo, que se manifestam em diversas esferas da sociedade. A falta de representatividade negra persiste, seja na política, seja na liderança empresarial ou na economia.

Afroempreendedores e afroempreendedoras enfrentam obstáculos significativos, como dificuldades no acesso a crédito e preconceito racial, que continuam a limitar seu progresso. A ausência de representatividade negra no mundo dos negócios pode perpetuar ainda mais a desigualdade, e isso tudo se torna um ciclo difícil de ser quebrado.

Segundo o estudo “Panorama do ecossistema de startups no Brasil — rumo à diversidade racial”, realizado pela empresa BlackRock, 32% das startups que possuem fundadores negros receberam algum investimento ao longo da sua jornada. Essa parcela cresce para 41% no caso de startups com fundadores não negros.

Quando o assunto é suporte, 49% das startups fundadas por negros receberam algum tipo de assistência, como incubação, pré-aceleração ou aceleração. O número aumenta para 57% no caso de startups com fundadores não negros. Já no ambiente corporativo, pesquisa realizada com as 500 maiores empresas do Brasil apontou que a população negra representa apenas 35% dos times e ocupa 58% dos cargos no nível de aprendiz e trainee, mas estão em apenas 5% das posições de liderança dessas empresas. 

Contudo, o afroempreendedorismo está longe de ser apenas uma estatística. É um movimento vivo e em constante evolução. A necessidade de representatividade é tão grande que, quando ações afirmativas surgem, elas se destacam imediatamente. No entanto, muitas pessoas ainda não compreendem plenamente o impacto positivo que as empresas negras têm na economia brasileira.

O desafio está em encontrar esses empreendimentos, muitas vezes ignorados pela falta de visibilidade. 

“Portanto, é imperativo promover ações que incentivem o acesso a informações, inovações tecnológicas, mercado e crédito e que ampliem a visibilidade do afroempreendedorismo, não apenas para incentivar o ‘black money’ mas também para fortalecer a economia de uma comunidade que se destaca em iniciativa.”

Nesse cenário, o Sebrae desempenha um papel fundamental. Com a campanha “O Negócio Tá Preto”, buscamos redefinir o significado da expressão. A primeira impressão pode parecer negativa, evocando termos como “mercado negro” ou “a coisa tá preta”, expressões utilizadas de forma pejorativa. No entanto, a campanha destaca que “se o negócio tá preto, tá fazendo a diferença”.

Ela reconhece e celebra a contribuição significativa das pessoas negras empreendedoras para a economia do país. Ao destacar que “se o negócio tá preto, tá fazendo a diferença”, a desafia estereótipos e preconceitos arraigados, mostrando que o empreendedorismo negro não é apenas uma realidade, é um motor poderoso de transformação social e econômica.

Além disso, a campanha atua como um farol, iluminando a trajetória de empreendedores e empreendedoras negros e dando a visibilidade que merecem. Muitas vezes, esses negócios enfrentam desafios únicos e lutam para se destacar em meio a um cenário competitivo. A campanha “O Negócio Tá Preto” oferece um espaço onde suas histórias, sucessos e desafios podem ser compartilhados, reconhecidos e valorizados.

A visibilidade gerada pela campanha também desempenha um papel fundamental na conscientização da sociedade sobre a importância do empreendedorismo negro.

“Ao envolver um público mais amplo, a campanha busca educar, inspirar e motivar não apenas afroempreendedores mas também pessoas que podem não estar cientes do impacto positivo desses negócios na economia e na comunidade.”

Por fim, a campanha do Sebrae demonstra o compromisso da organização em promover o acesso a oportunidades e equidades de competição no mundo empresarial. O Sebrae reconhece o afroempreendedorismo e se envolve ativamente para apoiá-lo, fornecendo os recursos, a orientação e o suporte necessários para enfrentar desafios e crescer de forma sustentável.

Convidamos você a participar desse movimento seguindo o Sebrae e usando a hashtag #NegócioTáPreto para demonstrar seu apoio e compartilhar as mensagens da campanha. Sua participação é essencial para dar visibilidade à força do empreendedorismo negro no Brasil.