Imagem: Site do TCDF
O conselheiro Manoel de Andrade, atual presidente do Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF), tem reforçado em sua gestão um novo olhar sobre o papel da Corte: mais orientador do que punitivo. À frente do órgão pela terceira vez, Andrade aposta em uma maior interação com gestores públicos e a sociedade civil, buscando prevenir irregularidades antes que elas se concretizem.
No biênio 2025-2026, Andrade pretende deixar como legado um tribunal mais próximo da população, transparente e acessível. Para isso, lidera o programa “Visita aos Gestores”, uma iniciativa que leva técnicos e auditores a órgãos públicos para dialogar com servidores, esclarecer dúvidas e apresentar boas práticas de gestão. O objetivo é claro: formar uma cultura administrativa mais consciente e menos sujeita a sanções.
“Queremos que o cidadão entenda como o dinheiro público é usado e se sinta parte desse processo. A fiscalização deve vir acompanhada de informação”, afirma o presidente.
Tecnologia a serviço da fiscalização
O TCDF tem investido fortemente em inovação. Andrade destaca o uso de inteligência artificial no apoio às análises técnicas, mencionando ferramentas como o ADA, que automatiza a avaliação de processos, e o ChatTCDF, um assistente virtual com IA generativa inspirado no ChatGPT. “A tecnologia agiliza, mas a análise humana continua sendo essencial. A IA auxilia, mas não substitui o auditor”, pontua.
Outro avanço é a parceria firmada com o Ministério da Justiça para o uso de imagens de satélite na fiscalização de obras. O acordo, considerado inovador, promete otimizar a atuação dos auditores ao permitir o monitoramento remoto de intervenções públicas, antecipando visitas presenciais com base em dados precisos.
Linguagem simples e acesso popular
Preocupado com a compreensão pública das decisões do tribunal, Andrade quer simplificar o vocabulário técnico. Em parceria com a Escola de Contas, estudantes estão sendo levados para conhecer o funcionamento da Corte, e as decisões começam a ser adaptadas para uma linguagem mais clara e direta.
“A transparência não é só publicar os dados, mas fazer com que eles sejam compreensíveis para todos”, ressalta.
Saúde e mobilidade: desafios em foco
Dois temas que preocupam o presidente do TCDF são a saúde pública e a mobilidade urbana. Ele afirma que o tribunal tem acompanhado de perto as dificuldades estruturais do sistema de saúde do DF, como a falta de agentes de vigilância e as filas para cirurgias. Uma auditoria recente resultou em determinação para que a Secretaria de Saúde apresentasse um cronograma de contratações.
Em relação à mobilidade, Andrade menciona a paralisação de uma Parceria Público-Privada para ampliação do metrô, que envolveria R$ 2,5 bilhões. O projeto está suspenso, e o TCDF aguarda novas diretrizes da Secretaria de Mobilidade. Auditorias também têm apontado deficiências no transporte escolar e urbano, reforçando a necessidade de ação coordenada entre o tribunal e o governo.
Um novo olhar sobre a fiscalização
Com sua trajetória marcada pela superação — de servente de limpeza a conselheiro — Manoel de Andrade defende uma gestão mais empática, educativa e cidadã. “A toga não nos distancia da população. Democracia se faz com inclusão, respeito e escuta. Nosso papel é orientar para evitar erros, não apenas punir depois que eles ocorrem”, conclui.
Fonte: Correio Braziliense