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Impacto da Alta da Selic na Construção Civil Preocupa Especialistas

Setor imobiliário é altamente sensível às oscilações da taxa de juros, apontam analistas

À medida que a economia brasileira enfrenta novas dinâmicas, o mercado financeiro ajusta suas expectativas para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para os dias 17 e 18 de setembro. Com a possibilidade crescente de um aumento na taxa Selic, atualmente fixada em 10,5% ao ano, especialistas já acendem o sinal de alerta para o setor da construção civil, um dos mais impactados por mudanças na taxa básica de juros.

Recentes declarações de autoridades do Banco Central indicam que uma elevação da Selic não está descartada, caso o cenário econômico assim exija. Esse possível movimento preocupa o setor de construção, que depende fortemente de financiamento de longo prazo para o desenvolvimento de projetos. A alta dos juros encarece o crédito, dificultando o acesso tanto para empreendedores quanto para consumidores.

Renato de Souza Correia, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), destaca que o encarecimento dos empréstimos resultante de uma alta na Selic terá um impacto direto nos custos operacionais das empresas. “Com juros mais altos, o crédito fica mais caro, e isso reduz o poder de compra dos consumidores, dificultando o investimento em habitação. Esse cenário é extremamente desfavorável para a construção civil”, afirma.

Ainda que o impacto mais acentuado seja esperado para o longo prazo, com reflexos possivelmente visíveis no início de 2025, a preocupação no setor é palpável. “Tradicionalmente, o segundo semestre tende a ser melhor que o primeiro para a construção civil, mas o efeito de uma alta na Selic pode inverter essa tendência”, complementa Correia.

Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos de Construção Civil do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (IBRE/FGV), corrobora essa visão, ressaltando que os juros elevados aumentam os custos de financiamento e podem limitar o acesso das famílias à moradia. A especialista enfatiza que o crédito mais caro afeta diretamente a rentabilidade dos investimentos no setor, o que pode excluir uma parcela significativa da população do mercado imobiliário.

A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) também se pronunciou recentemente sobre o tema, reforçando que a redução da Selic é essencial para impulsionar o crescimento econômico e ampliar o acesso ao crédito habitacional. Em nota, a entidade afirmou que a persistência de uma alta taxa de juros pode restringir o sonho da casa própria para muitas famílias brasileiras, especialmente as de menor renda.

Com a aproximação da reunião do Copom, o mercado observa atentamente as movimentações do Banco Central, enquanto o setor da construção civil se prepara para os desafios que uma eventual alta na Selic pode trazer.