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Construção Civil Brasileira ganha força na agenda climática antes da COP 30

Brasília, 8 de setembro de 2025

Na véspera da COP 30, a construção civil brasileira enfatiza seu protagonismo na discussão climática global. Em evento realizado em Brasília no dia 28 de agosto de 2025, lideranças do setor destacaram o papel essencial da indústria na mitigação de emissões de carbono e na adaptação às mudanças climáticas — com foco em soluções práticas e autossuficientes alinhadas à realidade tropical brasileira CBIC.

Setor em números e demandas reais do Brasil

Segundo a CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), o setor emprega mais de 3 milhões de pessoas, envolve cerca de 200 mil empresas e representa 7 % do PIB nacional, quando toda a cadeia da construção é considerada CBIC. Ainda assim, enfrenta desafios estruturais — como um déficit habitacional de 7 milhões de moradias e falta de infraestrutura superior a R$ 200 bilhões por ano CBIC. Em 2025, os investimentos em habitação e infraestrutura devem alcançar R$ 680 bilhões CBIC.

Soluções brasileiras com ambição global

O Green Building Council Brasil destaca que o país já é o 5º maior mercado mundial com edifícios certificados, totalizando mais de 70 milhões de m² sob protocolos nacionais — antecipando resultados esperados apenas para os anos 2035 ou 2050 CBIC.

Da norma à prática: enfrentando eventos extremos e emissões

O cenário nacional de mudanças climáticas exige adaptação imediata. O cadastro de 1.942 cidades brasileiras em risco de desastre ambiental orienta a execução de projetos das novas fases do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Agência Brasil.

Por outro lado, o IFSC Verifica, canal de comunicação do Instituto Federal de Santa Catarina, trouxe um alerta: “não é possível que continuem sendo construídos edifícios e infraestruturas urbanas sem considerar que o clima está mudando” Portal do IFSC+1. Conforme pesquisadores do IFSC, a resiliência térmica deve ser prioridade: edifícios com inércia térmica elevada, isolamento, sombreamento, ventilação natural e materiais locais — como madeira certificada e tijolos cerâmicos — ajudam a garantir conforto térmico, segurança e sustentabilidade Normalização EEPortal do IFSC. Também se destaca a taipa de pilão — técnica ancestral revisitada como alternativa sustentável para estruturas de múltiplos pavimentos Normalização EEPortal do IFSC.

Do planejamento ao canteiro: usando dados climáticos e tecnologia

O Sebrae destaca o uso da meteorologia como recurso estratégico para evitar paralisações, perdas de materiais e desperdícios, ao orientar o cronograma das atividades conforme previsões climáticas Sebrae.

Além disso, a necessidade de descarbonização e resiliência tem mobilizado empresas e governos. A WayCarbon, em evento focado em resiliência urbana, reforçou a importância da “dupla materialidade”: avaliar os impactos da empresa no clima e do clima sobre a empresa, adotando construções de baixo carbono e políticas climáticas integradas com o setor privado, sociedade e poder público WayCarbon.

Impactos sociais e seguros: o risco ignorado custa caro

O setor de seguros aponta que o Brasil ainda subestima os eventos extremos. Em 2023, 90 % das perdas seguradas derivaram de eventos climáticos mais frequentes e menos intensos — que não estavam previstos nos modelos tradicionais CNseg. A cobertura foi baixa: na tragédia no Rio Grande do Sul, menos de 15 % das residências afetadas tinham seguro, com 95 % das perdas arcadas pela sociedade CNseg. O governo estima perdas anuais entre R$ 40 e 50 bilhões CNseg.

Conclusão

O Brasil chega à COP 30 com uma construção civil empenhada em profissionalizar-se diante do clima que muda. Não se trata apenas de reduzir emissões ou construir com mais eficiência — mas de projetar, planejar e construir com resiliência e justiça social. Tecnologias já disponíveis, normas adaptadas, mecanismos de seguros mais eficazes e políticas públicas adequadas podem transformar esse setor vital em vetor de segurança, inovação e sustentabilidade — e o Brasil, em uma referência global.