A indústria mineral, peça-chave no fornecimento de insumos para obras de infraestrutura e edificações, projeta um crescimento moderado em 2025. O motivo? A desaceleração do setor da construção civil, que embora registre avanço, deve encerrar o ano com alta mais tímida: 2,3% acima do resultado de 2024, segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
No segmento de agregados para construção — como brita, areia e cascalho — o cenário é ainda mais contido. A expectativa é de um crescimento de apenas 1% na produção deste ano. De acordo com Fernando Valverde, diretor da Associação Nacional das Entidades de Produtores de Agregados para Construção (Anepac), o desempenho vai depender da liberação de novos projetos de infraestrutura. “O setor está operando abaixo da capacidade. A indústria pode produzir até 900 milhões de toneladas por ano, mas em 2024 ficou em 653 milhões”, explica.
Embora tenha crescido 4,3% em receita no ano passado, somando R$ 359,5 bilhões, a construção civil enfrenta hoje desafios que freiam um avanço mais robusto: juros ainda elevados, custos trabalhistas em alta, encarecimento de insumos e uma carga tributária pesada. Esses entraves acabam refletindo diretamente na cadeia mineral, cuja produção é sensível ao ritmo dos canteiros de obras.
Habitação popular anima, mas incertezas permanecem
O programa Minha Casa Minha Vida, com crescimento de 43,3% nas vendas em 2024, surge como um dos principais motores de otimismo. A ampliação do programa para atender também a classe média, com a meta de contratar 3 milhões de novas unidades até 2026, promete estimular a demanda por materiais de construção — e, por consequência, por minerais agregados. Ainda assim, segundo Valverde, é cedo para medir o impacto concreto sobre o segmento. “O anúncio é positivo, mas sua execução efetiva e a velocidade da contratação serão decisivos”, pondera.
Alumínio aposta em resiliência e inovação
Mesmo com a construção civil avançando em ritmo mais lento, a indústria de alumínio mantém expectativas positivas. O setor é o quarto maior consumidor do metal no país — atrás apenas das áreas de embalagem, transporte e energia. As empresas do ramo apostam na durabilidade e na resistência do alumínio como diferencial diante de eventos climáticos extremos, que têm exigido novas soluções construtivas.
A Alcoa, por exemplo, segue investindo na ampliação da capacidade produtiva em unidades nos estados do Pará, Maranhão e Minas Gerais. Para o presidente da companhia, Daniel Santos, o alumínio se destaca pela leveza e resistência à corrosão, características cada vez mais valorizadas em projetos modernos.
Já a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) planeja destinar R$ 2,3 bilhões até 2029 para modernizar fornos e ampliar o uso de material reciclado em seu processo produtivo. Em 2024, as vendas de alumínio primário — como tarugos e vergalhões, essenciais para o setor da construção — cresceram 9%, atingindo 271 mil toneladas. “Estamos preparados para atender a demanda crescente com produtos de alto desempenho e mais sustentáveis”, afirma Roseli Milagres, diretora da CBA.
Conclusão
O setor mineral, embora impactado pela desaceleração da construção civil, mantém-se atento às oportunidades trazidas por programas habitacionais e demandas por edificações mais resilientes. A aposta agora é que o planejamento de médio e longo prazos — aliado a avanços em inovação e sustentabilidade — seja capaz de sustentar a cadeia produtiva, mesmo diante de um cenário macroeconômico desafiador.