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Setor da Construção Civil Impulsiona Empregos com Expansão das Obras de Saneamento

Desde a implementação do Marco Legal do Saneamento, em 2020, o setor de saneamento tem se consolidado como um dos principais motores da construção civil no Brasil. A previsão de investimentos de aproximadamente R$ 70 bilhões em 2025 promete aquecer ainda mais o mercado, com potencial para gerar quase um milhão de novos empregos ao longo do ano. Os dados são da Abcon Sindcon (Associação e Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto), que destaca o impacto positivo dessas obras para a economia.

De acordo com Carlos Eduardo Lima Jorge, vice-presidente de Infraestrutura da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), o setor tem se beneficiado diretamente desse crescimento, já que cerca de 68% dos recursos investidos em saneamento são direcionados para a construção civil. O restante se destina à aquisição de equipamentos, tubulações e sistemas de automação. A expansão das concessões também contribui para um ciclo de desenvolvimento que envolve diversos estados, como Pará, Pernambuco, Rondônia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais.

Obras Milionárias e Tecnologias Sustentáveis

O crescimento do setor tem refletido diretamente na receita das construtoras. A Passarelli, por exemplo, tem 75% do seu backlog composto por projetos de saneamento, somando mais de R$ 5 bilhões. Um dos principais contratos da empresa, avaliado em R$ 1 bilhão, é a modernização da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Parque Novo Mundo, em São Paulo. A obra, prevista para ser concluída em 2027, dobrará a capacidade de atendimento de 1,2 milhão para 2,4 milhões de pessoas. Durante o pico das obras, serão gerados 500 empregos diretos.

A Passarelli utilizará uma tecnologia desenvolvida pela empresa holandesa Royal HaskoningDHV, que reduz em até 40% o consumo de energia e pode diminuir em 20% o custo total da obra. Segundo Paulo Bittar, CEO da empresa, as novas oportunidades se dão tanto no setor público, com novas licitações, quanto no privado, com concessões e parcerias.

Expansão e Desafios do Setor

Outras construtoras também têm direcionado atenção especial ao saneamento. A Carioca Engenharia, por exemplo, conta com R$ 445 milhões em contratos ativos no setor. Em 2025, o saneamento representará cerca de 40% do faturamento da empresa, que já entregou importantes projetos, como as ETEs em Petrópolis e São Pedro da Aldeia, no Rio de Janeiro. Para Daniel Rizzotti, diretor-geral da empresa, apesar do otimismo com os investimentos, o setor enfrenta desafios como a falta de mão de obra qualificada e a disponibilidade de equipamentos especializados.

A Concrejato também tem ampliado sua atuação no segmento e criou uma área específica para atender à demanda crescente. Desde o fim de 2023, a empresa fechou seis contratos, totalizando R$ 200 milhões, para projetos como instalação de válvulas, macromedidores e redes de água e esgoto. “Nosso crescimento no mercado de saneamento é fruto de um planejamento estratégico focado na prospecção de novos contratos”, afirma Eduardo Viegas, presidente da empresa.

Com um mercado aquecido e projeções otimistas, o setor de construção civil segue como um dos principais impulsionadores do desenvolvimento da infraestrutura urbana no Brasil. No entanto, para garantir que os investimentos sejam plenamente aproveitados, é essencial enfrentar desafios estruturais e qualificar a mão de obra disponível, assegurando que o crescimento do setor se traduza em benefícios duradouros para a população.