O setor da construção civil enfrenta um cenário de custos crescentes em 2024, destacando desafios que pressionam empresas e impactam a competitividade do mercado. Durante o Summit Imobiliário 2024, especialistas apontaram fatores críticos como o aumento dos preços de mão de obra e materiais, além de questões estruturais que exigem soluções de longo prazo.
Segundo Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos da construção do FGV/Ibre, o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) acumulou 5,99% nos 12 meses até outubro, com previsão de atingir 6,08% em novembro. Esse crescimento contrasta com os 3,26% registrados no mesmo período de 2023. “A alta de quase 8% na mão de obra, combinada com a elevação dos custos dos materiais, impulsiona o aumento geral, diferentemente do ano passado, quando os materiais mostraram estabilidade”, destacou Ana Maria.
A economista-chefe da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Ieda Vasconcelos, reforçou o impacto dos custos elevados. “Desde janeiro de 2020, o INCC subiu mais de 40%, enquanto a inflação geral foi de cerca de 32% no mesmo período. Agora, os custos ultrapassam a inflação projetada para 2024, que gira em torno de 4,4%,” explicou.
Escassez de Mão de Obra: Um Problema Conjuntural e Estrutural
A escassez de mão de obra qualificada e não qualificada é outro grande obstáculo para o setor. Com a taxa de desemprego em baixa e o mercado de trabalho aquecido, a dificuldade de contratação tem se intensificado, afetando especialmente a construção civil. “O envelhecimento populacional e a falta de atratividade para os jovens tornam o desafio ainda maior. Apesar de a maioria dos novos empregados no setor terem até 29 anos, muitos deixam a área rapidamente,” observou Ieda.
Ana Maria Castelo apontou que a modernização e a produtividade são caminhos essenciais para enfrentar essa crise. “O setor precisa de uma mudança sistêmica nos processos, investindo na industrialização e na modernização das práticas para superar as limitações estruturais,” afirmou.
Mulheres na Construção: Um Potencial Inexplorado
Uma alternativa promissora é aumentar a participação feminina no setor. Atualmente, as mulheres representam apenas 12% da força de trabalho formal na construção civil em São Paulo, segundo dados do Ministério do Trabalho. Para Ana Maria, a inclusão feminina está intimamente ligada à modernização do setor. “Há um grande potencial de crescimento ao atrair mulheres para a construção civil. Isso não apenas amplia a força de trabalho, mas também fortalece o foco em produtividade e inovação,” concluiu.
Com custos crescentes e desafios estruturais, o setor da construção civil precisa buscar soluções integradas que combinem tecnologia, qualificação de mão de obra e inclusão para garantir sua sustentabilidade no futuro.